POR – REDAÇÃO NEO MONDO
No mundo inteiro há casos de desaparecimento das abelhas e para cada um, uma nova explicação.
Ligadas a uma imagem tão meiga por proliferar flores e frutos, as abelhas estão sendo alvos da mídia do mundo inteiro que faz a seguinte pergunta: Aonde elas foram parar?
França, Inglaterra, EUA, Canadá, Espanha, Suíça e até o Brasil estão sofrendo com o desaparecimento súbito e sem rastro das abelhas. Há notícias de que apicultores chegaram a perder cerca de 90% de toda a criação. E o espanto não é à toa!
Albert Einstein, há mais de 60 anos, alertou: “Olhem as abelhas, se elas sumirem, a humanidade tem no máximo quatro anos de sobrevida, pois não haverá plantas e nem animais, a polinização é a grande responsável pela produção de alimentos”. Afinal o trabalho delas é, além de produzir mel, levar o pólen das anteras de uma flor, onde são produzidos os pólens, para o estigma de uma outra, ou da mesma flor, gerando novos frutos.
No caso do Brasil, o fenômeno pode abalar até o desenvolvimento do biocombustível, uma vez que uma das matérias-primas utilizadas é o girassol, que precisa de um grande potencial de abelhas para polinizar toda a área de plantação.
Embora os dados sejam assustadores, para o pesquisador e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Aroni Sattler, não há motivo para desespero.
Segundo ele, já faz tempo que casos de desaparecimentos ocorrem. Na Espanha, o primeiro surto aconteceu em 2000. Assim como na França, Inglaterra, e outros, mas os episódios tiveram pouca repercussão. Somente em 2006, quando o mesmo aconteceu nos EUA, deu-se maior divulgação.
“O trabalho das abelhas é prestar serviço à polinização e se não há abelhas, há comprometimento na economia. Nos EUA, o valor de 60 dólares pelo aluguel de colmeias para a polinização de pomares saltou para 150 dólares, após a crise” – relata Sattler.
Contudo, conforme afirma o especialista, pesquisas mostraram que nos EUA o provável causador do pavoroso fenômeno era um vírus, identificado pela primeira fez em Israel. Já na Espanha, os estudos atribuíram o episódio a um protozoário originário do Sudeste da Ásia. “Portanto, embora os efeitos sejam parecidos, cada caso é um caso” – destaca.
SUMIÇO NO BRASIL
Mesmo ocasionado por causas diferentes, quando a divulgação sobre o desaparecimento chegou ao Brasil logo relacionaram com o que estava acontecendo no resto no mundo, causando confusão para os apicultores que não sabiam que medidas deveriam tomar. “Especificamente no Sul, esse sumiço começou em 2000. E, diferente do que ocorria em outros países, não foi preciso alarme para descobrir os porquês. Identificamos que aqui o fenômeno era causado pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, má conservação e manutenção das colmeias e a utilização de dessecantes com formicidas nas plantações próximas às colmeias” – explica o pesquisador.
Este produto dessecante é usado para limpar lavouras, como as de soja e controlar a lagarta e o percevejo, porém é muito tóxico para as abelhas, que por sua vez são extremamente sensíveis a produtos químicos.
Outro fator atribuído ao desaparecimento é a mudança meteorológica. De acordo com Sattler, ano passado o inverno começou mais cedo eliminando as flores mais rapidamente, sem pólen as abelhas ficaram desnutridas e morreram. “Por isso é importante que o apicultor deixe uma boa reserva de mel para elas se alimentarem” – alerta.
Em outro período, o calor foi excedente, fazendo com que elas abandonassem as colmeias e longe das rainhas, não têm muito tempo de vida.
SOLUÇÃO
Muitas são as especulações, mas a dica do pesquisador para solucionar este problema é estar atento aos cuidados com o apiário. “Deixar uma reserva boa de mel durante o inverno e lembrar que, em determinadas épocas do ano, é normal este desaparecimento. Em 2006, aqui no Sul perdemos cerca de 40% das colmeias, mas hoje já estão totalmente recuperadas. E isto foi um processo natural” – comenta Sattler.
NÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE ISSO OCORRE
Ao longo dos últimos vinte anos, em diversos países, pragas atacaram com frequência provocando o desaparecimento das abelhas em todo o mundo. Por volta dos anos 50, a apicultura viveu um período de grande baixa, 80% das colmeias foram dizimadas e a produção apícola caiu drasticamente, por causa de doenças e pragas advindas da falta de cuidado com o saneamento das colmeias.
Em 1987, outro pico que atingiu o Brasil, Europa e EUA, dessa vez, o causador foi o ácaro varoa.