POR – AVIV COMUNICAÇÃO / NEO MONDO
Pesquisas já comprovaram que apenas em São Paulo a poluição do ar mata mais de 11 mil pessoas por ano. Isso significa mais de um óbito por hora
A má qualidade do ar está matando mais que trânsito, assassinato e alguns tipos de câncer. Se nada for feito, até 2030 mais de R$ 1 bilhão serão gastos apenas em internações hospitalares decorrentes da má qualidade do ar. Apesar disso, poucas políticas públicas trabalham sobre a relação entre saúde e poluição do ar.
O mesmo acontece com a defesa civil. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a maioria dos desastres naturais aos quais o Brasil é suscetível está relacionada a eventos hidrometeorológicos e climatológicos. O crescente aumento da temperatura média global deve piorar essa situação. Apesar disso, poucas são as políticas públicas implementadas que abordam uma das principais causas das secas cada vez mais recorrentes em todo o Brasil e as enchentes e deslizamentos que colocam a população em risco – as mudanças do clima geradas por poluentes do ar.
“O novo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas não deixa dúvidas sobre a urgência de descarbonizarmos a economia”, ressalta Rachel Biderman, Diretora Executiva do WRI Brasil. “No caso do Brasil, embora desmatamento e uso da terra liderem as emissões de gases de efeito estufa, temos cerca de 75% da população vivendo em ambientes urbanos e se movimentando em meios de transporte que também liberam esses gases. Por isso as cidades precisam prestar mais atenção à qualidade do ar que seus cidadãos respiram”, completa.
Para identificar oportunidades para uma colaboração mais efetiva e formas de mostrar as conexões entre “qualidade do ar” e inúmeros outros temas, o WRI Brasil, em parceria com OpenAQ, promoverá dois dias de palestras e debates. O evento, que seguirá o modelo de palestras TEDx na parte da manhã e oficinas de design thinking à tarde, será realizado nos dias 16 e 17 de outubro. O programa prevê debates sobre a influência da qualidade do ar na saúde e economia, a governança das políticas de qualidade do ar no Brasil, bem como a apresentação dos dados mais recentes disponíveis e de projetos de soluções já implementados.
“A maior parte da poluição das cidades decorre do mesmo fator que causa os engarrafamentos que minam a produtividade das cidades. Ao optar por meios de transporte coletivos e de baixo carbono, as cidades não só ajudarão a manter o clima sob controle, como também fomentarão sua economia, cortarão gastos com saúde pública e melhorarão a qualidade de vida dos cidadãos”, comenta.
Os participantes incluem especialistas das comunidades científica, política e do terceiro setor de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Entre eles, estão nomes como Paulo Saldiva (Instituto de estudos Avançados, USP), Pedro Hartung (Instituto Alana), Anne Dorothée Slovic (Projeto ASTRID, Faculdade de Saúde Pública, USP), Christa Hasenkopft (OpenAQ), Ana Carolina Nunes (SampaPé), Mara Lúcia de Oliveira (OPAS/OMS), Luis Antonio Lindau (WRI Brasil), Luciano Frontelle (Projeto Árvores pela Cidade), Rachel Biderman (WRI Brasil), Walter de Simoni (Instituto Clima e Sociedade, ICS), JP Amaral (Bike Anjo), Matthew Shirts (Diretor do World Observatory e Band), Maria de Fátima Andrade (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP), entre outros.