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POR – GUILHERME GAMA (JORNAL DA USP) / NEO MONDO
O estudo também mostra que, nas florestas mais preservadas, as aberturas podem aumentar quando expostas a efeitos das mudanças climáticas
Em florestas tropicais como a Amazônia brasileira, o ecossistema não se limita apenas ao solo. O dossel, isto é, a alta camada de sobreposição de folhagens da copa das árvores, também é habitat de diversas espécies e naturalmente apresenta aberturas na sua estrutura. Essas aberturas no dossel, chamadas de clareiras, são importantes na regulação da dinâmica florestal, embora possam estar ligadas à degradação da floresta. Um estudo realizado por pesquisadores da USP mostrou que florestas em áreas degradadas apresentam clareiras maiores e em maior quantidade no dossel, quando comparadas às áreas sem indícios de perturbação antrópica (livres de alterações na dinâmica natural por ação humana).
Os dados coletados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) também mostram que essa mesma alteração nas clareiras pode acontecer nas florestas não modificadas pelo homem, quando expostas a efeitos relacionados às mudanças climáticas.
As aberturas no dossel, geralmente provenientes da queda de árvores, regulam a dinâmica florestal, ao passo que possibilitam a entrada de luz no sub-bosque que, por sua vez, tem o desenvolvimento favorecido e garante a heterogeneidade e a biodiversidade da floresta. Entretanto, a ação antrópica pode alterar de forma preocupante essa dinâmica.
Para avaliar a ocorrência de clareiras em diferentes áreas da Amazônia brasileira, Cristiano Rodrigues Reis, engenheiro florestal e doutorando em Recursos Florestais pela USP, coordenou a pesquisa intitulada Forest structure and degradation drive canopy gap sizes across the Brazilian Amazon, disponível em preprint (ainda sem revisão de pares) em maio deste ano, na plataforma bioRxiv.