POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Referência brasileira em turismo cultural, Paraty envolve os visitantes em um clima de conto literário.
Paraty é um lugar que transpira um clima harmônico entre a natureza, o povo e a cultura. Sua paradoxal simplicidade e sofisticação, já reveladas pela história quando ainda servia de porto para as embarcações que transportavam ouro e pedras preciosas das Minas Gerais para Portugal, é traduzida nas mais belas paisagens arquitetônicas, nas ruas de pedra, casarios coloniais e na inspiração da arte que envolve seus visitantes em uma atmosfera de charme e aconchego ao som do canto dos pássaros.
Por isso mesmo,a inglesa Liz Calder, uma das fundadoras da Bloomsbury, editora que lançou Harry Potter, foi arrebatada pela cidade e a transformou no reduto literário brasileiro com o lançamento, em 2003, da Festa Literária Internacional de Paraty – Flip, idealizada por ela.
Em depoimento ao site Oi Londres a empresária revela que desde que conheceu Paraty percebeu que aquele local seria perfeito para festivais. “Um lugar onde os autores e os leitores ficariam numa atmosfera muito íntima. Mesmo porque aproveitariam não somente a literatura, mas também o mar, as ilhas e as praias”.
Desde então, a cidade passou a fazer parte do roteiro de festivais literários internacionais como Harbourfront de Toronto, Festival de Berlim, Edimburgo e Mântua. A Flip tornou-se chamariz para personalidades internacionais e uma valiosa vitrine da literatura brasileira no exterior.
A secretaria de Turismo e Cultura de Paraty, Dalva Lacerda, diz que a Flip mudou a visão da cidade. “Antes da Festa Literária, tínhamos como principal destaque cultural o Festival da Pinga, que continua sendo muito apreciada. Porém, agora Paraty tem um apelo diferente com um toque de intelectualidade” – destaca Dalva.
Hoje a Estância Balneária atrai turistas em busca de descanso, conforto e cultura. Recentemente, a cidade foi nomeada pelo Ministério do Turismo como referência em turismo cultural. Isso tem propiciado um novo tom ao desenvolvimento local.
O comércio e a população tiveram que se adaptar à nova realidade e se preparar para receber um público mais exigente. Segundo Cristina Maseda, coordenadora do Núcleo de Educação da Associação Casa Azul, responsável pela organização do evento foi necessário oferecer capacitação profissional à população. “A Flip gera 250 vagas de empregos diretos e indiretos” – diz a coordenadora.
Ar cultural
Mas a Flip não mudou somente o objeto da economia local, também transformou a cidade em um espaço de valorização da cultura.
Durante todo o ano, a Casa Azul promove o Programa Educativo Cirandas de Paraty, que atua em escolas e na rede de ensino, incentivando a qualificação do ensino através da formação de grupos de leitura, capacitação de professores e mediadores de leitura, criação de bibliotecas, organização de oficinas literárias e artísticas, entre outras atividades.
Este projeto deu espaço para a criação da versão infantil da Festa Literária, a Flipinha. “O trabalho que as crianças realizam ao longo do ano, com base no tema da Festa, é exposto na versão infanto-juvenil que também tem suas palestras, peças, danças, músicas e poesias, tudo de acordo com o público” – explica a Cristina Maseda.
Um dos resultados marcantes do incentivo à cultura é a Biblioteca Azul, que hoje tem mais de 8 mil livros infantis, graças à participação de quase 90% das escolas da rede pública, à maturidade dos alunos em sala de aula e ao consenso da população em valorizar o patrimônio da cidade.
Flip 2008
A Flip, que a cada edição homenageia um símbolo da escrita nacional como Vinicius de Moraes, João Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Jorge Amado e Nelson Rodrigues, escolheu o escritor carioca Machado de Assis, considerado um dos mais importantes nomes da literatura brasileira, como anfitrião da Festa que aconteceu no início de julho.
Foram suas obras o mote de inspiração para palestras, peças teatrais, exposições e leituras durante os cinco dias de festa em Paraty. A começar com a participação do crítico literário Roberto Schwarz, que fez uma leitura sobre Dom Casmurro, segundo o crítico “o romance possivelmente mais refinado e composto da literatura brasileira”.
Mas não foi só Machado de Assis que embalou o ritmo da Festa. O humor de David Sedaris, a ficção de Neil Gaiman, Richard Price, João Gilberto Noll e Lucrecia Martel, a criminalidade tratada nas obras de Misha Glenny e Guilherme Fiúza, a literatura feminina de Cíntia Moscovich, Inês Pedrosa e Zoë Heller, a dramaturgia de Tom Stoppard, entre outros temas, levaram à Tenda dos Autores e ao Telão, onde aconteceram os debates, 35 mil espectadores.
Esteve por lá…
A Revista Neo Mondo também marcou presença ao evento, com a distribuição de material nos principais pontos da cidade. O presidente do Instituto Neo Mondo, Oscar Lopes Luiz, se encantou com o clima do lugar. “É interessante andar pelas ruas e encontrar, completamente descontraídos, passeando pela cidade, prestigiando o local, ou sentados às mesas dos bares, grandes nomes da literatura nacional e internacional. Realmente Paraty consegue nos envolver neste clima literário” – destacou.
Agradecimentos
Pousada da Marquesa, Pousada Aconchego, Hotel Coxixo, Blend Café, Pousada do Ouro, Pousada do Sândi e Pousada Pardieiro.