POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Vice-campeão nacional em produção de cacau, o Pará deve expandir em 60%, até 2020, a produção sustentável do fruto no sudeste do estado, em uma iniciativa que vai impulsionar a geração de renda para pequenos agricultores e a restauração de áreas degradadas de floresta em propriedades rurais da região. O impulso para essa ampliação virá do Pacto Cacau Floresta, assinado pela maior organização ambiental do mundo, a The Nature Conservancy (TNC), pela Secretaria de Desenvolvimento da Agricultura e Pesca do Governo do Estado do Pará (Sedap) e pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), ligada ao governo federal.
O Pacto Cacau Floresta prevê que as organizações vão investir recursos e capacidade técnica para elevar de 82 para 1.000 o número de famílias participantes da iniciativa Cacau Floresta. O projeto desenvolveu, entre 2013 e 2016, um modelo de produção sustentável de cacau em São Félix do Xingu, que elevou em cerca de 30% a renda das famílias que já estão vendendo as amêndoas de cacau e propiciou a restauração de 160 hectares de florestas em Áreas de Preservação Permanente. Ao todo, os pequenos produtores do projeto já estão cultivando 312 hectares em Sistemas Agroflorestais (SAFs), como são conhecidos os métodos de cultivo em que diversas espécies nativas dividem espaço com produtos agrícolas, de forma que a área seja produtiva, mas ao mesmo tempo mantenha um nível considerável de serviços ambientais gerados pela floresta, como biodiversidade e sequestro de carbono. Até 2020, a área de cultivo do cacau no âmbito do projeto deve saltar para 5 mil hectares, dos quais pelo menos 2 mil serão em áreas de APPs restauradas.
Outras metas do pacto Cacau Floresta são a capacitação de 20 técnicos agropecuários em boas práticas produtivas de cacau e em adequação ambiental, o desenvolvimento de pelo menos 20 unidades familiares de referência de produção de cacau e a criação de uma plataforma online com informações úteis ao produtor.
Poucas culturas trazem o triplo benefício que o cacau oferece: ele gera uma renda relativamente elevada, por causa da demanda global muito forte, traz maior qualidade de vida ao agricultor familiar, porque é um fruto que cresce na sombra e isso aumenta o conforto climático no ambiente de trabalho, e ainda por cima viabiliza a conservação e a restauração florestal”, explica Rodrigo Mauro Freire, biólogo e coordenador do projeto Cacau Floresta. ”Dar escala ao cacau que conserva e restaura florestas, como estamos fazendo com esse acordo, é um passo importante para manter as florestas em pé e melhorar a vida das pessoas no sudeste do Pará, que é uma área estratégica para a conservação da Amazônia”, completa.
No contexto estadual, o cacau deve ganhar cada vez mais relevância econômica, social e ambiental. O Governo do Estado do Pará definiu, já em 2011, a cacauicultura como um dos segmentos prioritários da política agrícola estadual e elaborou, em parceria com a Ceplac, o Programa Estadual de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Cacau. A expectativa é que até 2023 o Pará torne-se o maior produtor de cacau no Brasil, superando a Bahia, que historicamente lidera o ranking dos estados. Expandir a produção do fruto é tambem parte da estratégia do governo estadual para alcançar as metas do plano Pará 2030, que incluem dobrar o PIB per capita paraense e reduzir a desigualdade de renda entre as famílias.