Foto: O Programa Madeira é Legal tem o objetivo de promover a exploração e o uso responsável da madeira da Amazônia na construção civil. (Por:© WWF-Brasil / Juvenal Pereira)
Por: WWF Brasil
57% dos grandes escritórios de arquitetura de São Paulo (SP), responsáveis por construções e empreendimentos na maior cidade do País, têm dificuldades de incluir madeira sustentável em seus projetos.
Essa é uma das conclusões da pesquisa Especificação de Madeira nos Escritórios de Arquitetura, realizada pelo WWF-Brasil e pela Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea) no âmbito do Programa Madeira é Legal.
A pesquisa, realizada durante duas semanas de agosto junto a 28 escritórios de arquitetura, quis verificar de que modo os arquitetos paulistanos utilizam esta matéria-prima em seus projetos – o que utilizam, como utilizam, e quais são as dificuldades e problemas no uso deste material.
A pesquisa teve como objetivo levantar dados para subsidiar as próximas ações do Programa Madeira é Legal – uma iniciativa de 23 instituições, apoiada pelo Programa Amazônia do WWF-Brasil, que promove a exploração responsável de madeira em nosso País.
O setor da construção civil de São Paulo é o maior consumidor de madeira amazônica do País e tem grande importância para a redução e controle do desmatamento da floresta naquele bioma.
O WWF-Brasil, assim como várias organizações parceiras, acreditam que o uso responsável da madeira pode ser um indutor de desenvolvimento sustentável na Amazônia – auxiliando no uso susentável dos recursos florestais, na conservação da biodiversidade, na regulação climática, no respeito aos povos tradicionais e na promoção das leis ambientais brasileiras.
Dificuldades
De acordo com 71% dos participantes, as dificuldades de uso da madeira dizem respeito à falta de informação sobre os custos, a manutenção e a durabilidade dos materiais. Sem informações, eles têm dificuldades de incluir este componente em seus projetos.
Para combater este problema, ao longo dos anos, o WWF-Brasil tem editado uma série de publicações com informações sobre o assunto. Nos links à direita, é possível fazer o download de duas dessas publicações.
Em sua maioria, os escritórios utilizam madeira plantada, principalmente pinus e eucaliptos (68% dos participantes). O restante utiliza madeiras nativas.
Os arquitetos revelaram também que muitos clientes tem a percepção de que os produtos madeireiros “duram pouco” e necessitam de muita manutenção.
Resistência
Outros problemas apontados na pesquisa são o uso de materiais com “aspecto amadeirado”, como porcelanatos, alumínios e vinílicos, que acabam substituindo essa matéria-prima; a falta de padronização das peças e um processo complicado de fornecimento.
61% dos participantes relataram que seus clientes são resistentes ao uso de produtos madeireiros. Os clientes alegam que outros materiais tem um melhor custo-benefício; e que os custos e frequência de manutenção deste material são maiores.
Muitos escritórios apontaram ainda que o fornecimento legal de espécies nativas é complexo, gerando riscos, dúvidas e inseguranças para os projetos.
Soluções e recomendações
Apesar de ajudar a ilustrar os problemas, a pesquisa também trouxe uma série de recomendações como, por exemplo, a necessidade de divulgação de informações técnicas sobre as espécies disponíveis no mercado e o apoio e divulgação comercial para o uso da madeira.
Além da necessidade de ações que tornem o preço dos produtos madeireiros mais competitivo; inovações tecnológicas que ajudem a incluir este item nas construções e normatização do uso deste material. A realização de intercâmbios e trocas de experiências também apareceram nas respostas.
“Visão realista”
A coordenadora do Grupo de Trabalho de Sustentabilidade da Asbea, Milene Abla, contou que a pesquisa trouxe uma visão muito realista do mercado. “Acho que o grande mérito desta iniciativa é ter comprovado algumas coisas que achávamos e ter trazido algumas novidades interessantes. Antes de ver esses resultados, tínhamos algumas impressões. Agora temos algumas certezas”, explicou a arquiteta.
Para o analista de conservação do WWF-Brasil, Ricardo Russo, as respostas mostraram que os trabalhos do Programa Madeira é Legal estão “no caminho certo”. “Vimos, com esses resultados, que precisamos investir na capacitação, na divulgação de informações e na ajuda aos arquitetos. Os resultados reforçaram algumas coisas que achávamos e somaram bastante ao que já estamos executando”, afirmou.