POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Uma pesquisadora da USP desenvolveu o sorvete de bagaço de uva que têm o poder antioxidante contra doenças degenerativas e o envelhecimento.
Não importa se no inverno ou no verão, sorvete é gostoso em qualquer época do ano. E quem diz que ele faz mal à saúde engana-se, além de ser indicado durante a recuperação de cirurgias odontológicas e de amígdalas, há quem diga que ele “ilumina” as zonas de prazer do cérebro – afirmação do Institute of Psychiatry, em Londres, em resultado a uma pesquisa solicitada pela empresa Unilever.
Se sozinho já faz tão bem, imagine adicionar a ele uma fruta com características capazes de ajudar na prevenção de doenças cardíacas, cancerígenas e de “brinde” retardar o envelhecimento? Parece um sonho, mas é o que a pesquisadora do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo – USP, Emília Ishimoto, está próxima de conseguir.
Ela realizou estudos com bagaço de uva, que confirmaram sua ação antioxidante, matéria-prima para a fabricação do sorvete ‘milagroso’, que pode ajudar a reduzir os riscos de cânceres e doenças cardiovasculares. Tal resultado é possível porque os antioxidantes, presentes no bagaço da uva, produto que, pelo gosto amargo, é naturalmente descartado, funciona como proteção contra os efeitos danosos do excesso dos radicais livres que, em quantidades normais, atuam combatendo as bactérias e vírus presentes no organismo. Porém, em demasia danificam as células saudáveis e aumentam o risco para o desenvolvimento de câncer, doenças do coração e o envelhecimento precoce.
Para chegar a esta conclusão a pesquisadora triturou e desidratou, a uma temperatura de menos sessenta graus centígrados, casca e as sementes de duas variedades de uva, Cabernet Sauvignon e Isabel, e obteve a farinha de bagaço usada para elaborar extratos concentrados. Testado em laboratório, os organismos alimentados com este extrato apresentaram uma redução de até 32% do colesterol total em relação aos outros dois grupos que não ingeriram os subprodutos. Além disso, houve uma redução média de 50% nos níveis de triglicérides, diminuindo o acúmulo de gorduras nas artérias.
“Com a melhora do perfil antioxidante dos animais também é reduzido o risco de várias doenças relacionadas ao estresse oxidativo, como câncer, diabetes, Parkinson e Alzheimer” – observa a pesquisadora.
Será que é bom?
Comprovado o valor terapêutico do bagaço, era preciso verificar se a receita agradava o paladar. Foi, então, realizada uma avaliação sensorial com 43 indivíduos, por meio de um método para medir a aceitação do paladar em uma escala variável de sabor. “Os sorvetes foram aprovados sensorialmente e, após completarmos esse ciclo, fizemos o depósito de patente do processo de produção do sorvete e da farinha” – afirma Emília. Segundo a pesquisadora, já existem empresas interessadas pela comercialização do sorvete, no entanto, as negociações estavam paradas até o momento desta entrevista.
No cardápio, além do sorvete
Mas os benefícios da farinha do bagaço não estão somente restritos ao sorvete. Com ela também será possível produzir outros alimentos como bolos, pudins, iogurtes e barras de cereal. “Um suplemento alimentar de baixo custo e com alto valor nutricional” – destaca a pesquisadora.
Porém, quem não quiser esperar a comercialização da farinha, pode tentar fazer em casa. O ideal é desidratar as cascas e as sementes a uma temperatura que não ultrapasse a 60°c, caso contrário, ela perderá nutrientes importantes. Depois disso, basta triturá-la e usar a criatividade.
Outra dica da pesquisadora para quem gosta do azedinho da uva é fazer um suco com o bagaço (casca e semente) da uva. Ele mantém os nutrientes e aproveita integralmente a fruta.
Existem ainda outros fatores que podem contribuir para o aumento da formação dos radicais livres:
• Álcool;
• Cigarro;
• Estresse;
• Poluição;
• Consumo excessivo de gorduras saturadas.
Como evitar o acúmulo dos radicais livres?
Segundo Emília Ishimoto, os alimentos que previnem doenças não são milagrosos. A uva não evitará problemas cardíacos se a pessoa comer feijoada todos os dias, por exemplo. Mas, um estilo de vida saudável, e uma alimentação rica em frutas e vegetais, são as melhores opções para se proteger contra os radicais livres, reduzindo o risco de doenças e evitando o envelhecimento.