A área ocupada atualmente pela represa Billings foi inundada na década de 20 com a construção da Barragem de Pedreira, no curso do rio Grande, também denominado rio Jurubatuba, conforme a mostra a foto de época acima. O projeto foi implementado pela antiga Light – “The São Paulo Tramway, Light and Power Company, Limited”, hoje Eletropaulo, com o intuito de aproveitar as águas da Bacia do Alto Tietê para gerar energia elétrica na usina hidrelétrica (UHE) de Henry Borden, em Cubatão, aproveitando-se do desnível da serra do mar.
A escolha do dia 27 de março diz respeito à data em que, no ano de 1925, o então presidente da república Arthur Bernardes concedeu à empresa Light o direito de represamento de alguns rios do ABC e da capital para que se formasse um reservatório (lago artificial) no alto da Serra do Mar. O nome da represa está ligado ao responsável pelo projeto, o engenheiro americano White Asa Billings. Com mais de um trilhão de litros d’água, o reservatório Billings abrange os municípios de Santo André, São Bernardo, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
No início dos anos 40, iniciou-se o desvio de parte da água do rio Tietê e seus afluentes para o reservatório Billings, a fim de aumentar a vazão da represa e, consequentemente, ampliar a capacidade de geração de energia elétrica na UHE Henry Borden. Este processo foi viabilizado graças à reversão do curso do rio Pinheiros, através da construção das usinas elevatórias de Pedreira e Traição, ambas em seu leito. Esta operação, que objetivava o aumento da produção de energia elétrica, também mostrou-se útil para as ações de controle das enchentes e de afastamento dos efluentes industriais e do esgoto gerado pela cidade em crescimento. Em função do elevado crescimento populacional e industrial da Grande São Paulo ter ocorrido sem planejamento, principalmente ao longo das décadas de 1950 a 1970, a represa Billings possui grandes trechos poluídos com esgotos domésticos e industriais. Apenas os braços Taquecetuba e Riacho Grande são utilizados para abastecimento de água potável pela Sabesp.
O bombeamento das águas do Tietê para a Billings, no entanto, começou a mostrar suas graves consequências ambientais poucos anos depois. O crescimento da cidade de São Paulo e a falta de coleta e tratamento de esgotos levaram à intensificação da poluição do Tietê e seus afluentes que, por sua vez, passaram a comprometer a qualidade da água da Billings. Em 1982, devido à grande quantidade de esgotos, que resultaram em sérios problemas de contaminação por algas cianofíceas, algumas potencialmente tóxicas, surge a necessidade de interceptação total do Braço do rio Grande, através da construção da Barragem Anchieta, para garantir o abastecimento de água do ABC, iniciado em 1958.
*João Carlos Mucciacito é Químico da CETESB, Mestre em Tecnologia Ambiental pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo, professor no SENAC, no Centro Universitário Santo André – UNI-A e na FAENG – Fundação Santo André.