POR – Cleber Rosa/NEO MONDO
Professor de Yoga e Meditação – https://www.facebook.com/cleber.yoga
Fotos – Ligiane Braga
Para escrever sobre minha experiência como professor de yoga, é preciso contar do ponto de vista de aluno, onde tudo começou. Nascido em São Paulo (SP), em uma família simples, sou formado em Ciências Econômicas, com especialização em Gestão de Negócios, tendo atuado como Consultor Financeiro. Certo dia, lesionei o joelho e fui obrigado a fazer fisioterapia e fui apresentado ao pilates e yoga.
Após o processo de reabilitação do joelho, fui procurar a tal aula de yoga. No início, não foi fácil, descobri muitas limitações físicas, o que me deixava muito desanimado. E quando olhava para os outros alunos, era uma tortura. Agradeço muito ao meu Professor José Miguel por me dar força e inspiração para não desistir.
O tempo passou e acabei me tornando um praticante de yoga, querendo descobrir mais e mais. Até que conheci Vedanta, um dos temas de yoga que trata exclusivamente de autoconhecimento através dos escritos antigos deixado por alguns mestres. Desde então, tenho me dedicado aos estudos do bem-estar, autoconhecimento e espiritualidade.
Antes de conhecer a yoga, parecia não ter fim o desejo por novas conquistas materiais. Tinha uma mente muito inquieta, muitas responsabilidades, sempre cheio de trabalho, ansioso, estressado, sem contar as decepções amorosas, eu não estava bem. Eu era uma pessoa em conflito com os próprios valores, desejos e necessidades como individuo.
Para a minha transformação, houve muita coragem, esforço e paciência, pois a cada momento me via tendo que sair da zona de conforto. Mas o que esta mudança tem haver com Yoga, postura, respiração ?
Alguns acham que a prática se resume em apenas uma sequência de posturas e práticas de respiração. Yoga não se resume a isso e aqueles que desejam o aprofundamento serão surpreendidos, assim como eu fui. Existem dois conceitos que aparentemente parecem óbvios, mas são fundamentais para a maestria desse entendimento e manter-se equilibrado e calmo.
Como domar os pensamentos?
A mente tem várias camadas. E como exercitá-las na prática de Yoga?
No início, temos que ser guiados por outra pessoa. É recitado um mantra como símbolo de início e como agradecimento. Mais que um mantra, o OM é um pedido de benção pela prática e, ao mesmo tempo, um reconhecimento da existência de uma Ordem Divina.
Imagina um pardal, ele é muito ágil, voando de lado para o outro. Quando colocado em uma gaiola, limitado o seu espaço, é obrigado a ficar parado. Isso é o que está por trás da técnica de respiração. Durante a execução das posturas, existe a sincronização da respiração com o movimento, ao mesmo tempo que mantemos algumas contrações em determinadas regiões do corpo . O objetivo é foco no movimento, tornando impossível a mente pensar nas dívidas, compromissos etc. Yoga é a conquista do fluxo de pensamentos.
Se você tem sua mente irriquieta, bem vindo ao clube, não tem nada de errado com você. Para fazer uma analogia, é como uma criança na hora da refeição, em uma mão o brinquedo; na outra a colher. O brinquedo serve para a concentração da mente em um único objeto, enquanto isso, sem que perceba, recebe o alimento com a outra. Por isso, as posturas e sequências, já que no início a mente não consegue apenas estar consigo mesma.
Esse é o motivo pelo qual a prática de posturas e respiração nos torna menos suscetíveis às reações que funcionam como uma espécie de padrão. Uma vez conhecido o padrão, surge a possibilidade de agir de forma oposta e direcionar melhor os pensamentos e desejos.
Com tempo de prática, outra capacidade adquirida é o acolhimento, a aceitação da pessoa maluca que somos, com todos os nossos desejos e contradições. Há um relaxamento sem sentimento de culpa, sem autojulgamento, entendendo que há coisas que são movidas por mim e outras que não. É o autoconhecimento, ou melhor, é Yoga.
“Todos somos singulares; mas nós somos parecidos; temos um ponto de tangência entre nossas finalidades.”
Oṁ Namaḥ Śivāya
|| ॐ नमः शिवाय ||