POR – CRISTINA TORDIN (EMBRAPA) / NEO MONDO
A Sociedade Brasileira de Economia Ecológica (ECOECO), voltada à organização e à estruturação do campo de estudos e conhecimento transdisciplinar da Economia Ecológica, realiza encontros bienais para promover a aproximação entre pesquisadores e instituições, divulgar estudos e incentivar discussões sobre políticas públicas voltadas para a sustentabilidade ambiental. A edição de 2019 comemora os 25 anos de fundação da Sociedade e será no Instituto de Economia da Unicamp, de 23 a 26 de setembro.
A pesquisadora Lucimar Abreu, da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) irá apresentar o trabalho “Sistemas agroalimentares locais: aproximando a produção do consumo através de redes sociais“, também de autoria de Maria Aico Watanabe (Embrapa Meio Ambiente), Lucas Ferreira Lima (IE/Unicamp) e Ademar Ribeiro Romeiro (Unicamp) na seção temática 05 – agricultura, pecuária e meio ambiente. Veja programação completa AQUI.
O objetivo do trabalho é mostrar as novas formas de interação da produção e consumo, identificadas em vários continentes e as características gerais destas redes agroalimentares alternativas cujo movimento social responde à crise do sistema alimentar dominante. Conforme Lucimar, “tal crise ocorre em diferentes partes do mundo. Para tanto, as autoras realizaram parte importante do balanço e da revisão da literatura nacional e internacional especializada sobre o tema”, explica.
Trata-se em sua maioria da produção familiar que se destaca pela alta capacidade de adaptação e surpreende em qualquer sistema sociopolítico, pois em todos os países onde os mercados organizam as trocas, a produção agrícola alimentar é assegurada pela agricultura familiar. Atualmente, a tendência é buscar por meio da “relação direta entre produtor e consumidor, que propicia maior justiça social entre eles”, explica Lucimar. Esse processo global, nos últimos anos constatado nos Estados Unidos, França, Itália, Alemanha, Reino Unido, e em outros países europeus, além do Japão e Brasil, onde agricultores familiar resistem ao sistema agroalimentar dominante por meio da organização social em redes territoriais, constituídas por agricultores, agentes de desenvolvimento e consumidores que propõem a construção de um sistema alternativo, resultado da conjunção de organizações sociais que defendem esses sistemas considerados mais justos e mais sustentáveis.
Lucimar explica que “nesta reconfiguração da produção de alimentos ecológicos e de novas formas de associação, tanto os consumidores quanto os produtores estão adotando novas atitudes de modo a estabelecerem interações, parcerias e laços de cooperação Conclui-se que as transformações em curso são fruto de inovações sociotécnicas em redes de construção de novas práticas em sistemas agroalimentares”, diz a pesquisadora.
Edição 2019
Esta edição se propõe a debater um tema que vem ganhando espaço cada vez maior na literatura sobre as questões ambientais e os desafios contemporâneos impostos pela atual crise ecológica pela qual a humanidade passa. Trata-se do Antropoceno, conceito que vem sendo usado para descrever o protagonismo que as ações antrópicas assumiram no contexto das mudanças globais. A centralidade das forças humanas é considerada determinante, justificando, pois, a menção a uma “nova era geológica”.
Assim, o debate sobre o Antropoceno, sua lógica interna, seus determinantes sociais e políticos, bem como seus desdobramentos são de fundamental importância, principalmente se se considerarmos o contexto socioeconômico e político vivido no Brasil, além das constantes ameaças a retrocessos na área ambiental.