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POR – PROJETO UÇÁ / NEO MONDO
Iniciativa engaja pescadores e catadores em ação de retirada de resíduos sólidos durante o período de defeso do caranguejo-uçá
Durante três meses, pescadores e catadores de caranguejo que atuam na Baia de Guanabara e seu entorno deixarão suas rotinas de trabalho para ajudar a retirar resíduos sólidos dos manguezais da região. A responsável por essa mobilização é a Operação LimpaOca, uma iniciativa do Projeto UÇÁ — desenvolvido pela ONG Guardiões do Mar, com o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Essa é a quinta edição da força-tarefa, que já limpou oito hectares de manguezais, coletando mais de 22 toneladas de resíduos.
A Operação, reeditada em 2014, é uma ação inédita criada em 2001 pelos Guardiões do Mar. Ela também garante renda extra aos povos tradicionais durante o período de defeso do caranguejo-uçá, quando é proibido coletá-lo. Os trabalhadores engajados na atividade recebem uma bolsa-auxílio para coletar os resíduos durante duas manhãs semanais.
Outra vantagem para os catadores, de acordo com o presidente da ONG Guardiões do Mar e coordenador nacional do Projeto UÇÁ, Pedro Belga, é que após o período de defeso, eles poderão voltar a trabalhar com mais segurança nos manguezais, devido à retirada de materiais como ferro, seringas, vidros e diversos materiais cortantes, que podem ocasionar graves acidentes. “Muito além de catar lixo, são disseminados conhecimentos e promovemos boas práticas para esta parcela da sociedade que entende, na prática, que o manguezal, além da importância ambiental, é sua principal fonte de renda”, afirma ele.
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Além disso, segundo Belga, os catadores poderão contar com mais caranguejos durante a coleta, por terem respeitado o período de reprodução do crustáceo e ainda pela diminuição das mortes desses animais, que ocorre, muitas vezes, devido ao entupimento de suas tocas pelo lixo.
A retirada dos resíduos também aumenta o espaço livre para que novas mudas de mangue se estabeleçam e não tenham que competir por espaço com os resíduos sólidos, proporcionando o crescimento de novas árvores.
“O despejo de lixo e esgoto se torna gravíssimo por se tratar de uma área de berçário da vida, não só da Baía de Guanabara, mas da costa fluminense. É ali, nessa que é maior área de manguezais preservados do Estado do Rio, que inúmeras espécies habitam ou passam um período de suas vidas (larva, juvenil ou adulto). Os manguezais fornecem ainda segurança alimentar, são filtros biológicos, proteção contra erosão e condições climáticas extremas e ainda tem vital importância socioeconômica, sendo útil, direta e indiretamente para mais de 7 milhões de pessoas que fazem parte da bacia contribuinte da Baía”, explica Pedro Belga.
Após desenterrar o lixo da lama, os participantes o transportam de barco até a sede do Núcleo de Gestão Integrada da Área de Proteção Ambiental de Guapi-Mirim e Estação Ecológica da Guanabara (NGI – APA/ESEC – ICMBio), nos manguezais do Recôncavo da Guanabara, na Baixada Fluminense. Lá, é feita a contabilização e a avaliação da origem dos resíduos, permitindo identificar também possíveis principais poluidores.
A Operação LimpaOca foi considerada referência nacional pela Plataforma EduCares do Ministério do Meio Ambiente, em 2014. Nesta edição, a ação, seguindo os preceitos do Projeto UÇÁ de inclusão social, contará também com a participação de um pescador cadeirante.